segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

ENTREVISTA MARINA SILVA



Legado é maior do que já foi feito, diz Marina Silva

A senadora Marina Silva foi uma das principais companheiras de Chico Mendes na luta para impedir a destruição da floresta. Também ela acreana e filha de seringueiros, estava ao lado de Chico nos tradicionais empates, tentando impedir a ação das motosserras. Quinze anos após a morte do amigo, assumia o Ministério do Meio Ambiente com o objetivo de dar continuidade à luta, dessa vez pelos meios oficias. Hoje de volta ao Senado, avalia que o legado de Chico é ainda maior que os avanços alcançados após sua morte, mas considera também que ainda há muito a ser feito. Leia a seguir a íntegra da entrevista concedida ao Estado.

Passados 20 anos da morte de Chico Mendes, o que mudou na vida dos povos da floresta?

Quando a luta do Chico começou, essas populações estavam inteiramente abandonadas, dando um jeito de sobreviver depois de mais de um século de exploração em um regime de semi-escravidão. No final da década de 70, começo da 80, foram surpreendidos com a venda dos seringais pelos antigos supostos donos dessas terras para fazendeiros do Sul e Sudeste. Ali começou um processo de expulsão em massa, sobretudo no caso do Acre e de Rondônia, para as periferias da cidades. Em Manaus, por exemplo, vive 75% da população do Estado do Amazonas. Mas como lá tem a Zona Franca foi possível suportar essa quantidade de pessoas. No caso do Acre, onde cerca de 53% vivem na capital, esse processo foi muito dramático, porque o Estado dependia e depende quase 80% de repasse da União e teve muita dificuldade em oferecer atendimento de saúde, educação e moradia para essas populações. O momento em que o Chico começou a luta era de muito desamparo. O que eles queriam era a não derrubada da floresta e que as pessoas pudessem continuar em suas colocações nos seringais. Aí que se cunhou o conceito de reserva extrativista. A primeira foi criada após a morte do Chico, e hoje já são mais de 11 milhões de hectares de reserva que beneficiam mais de 53 mil famílias em todo o Brasil. São conquistas muito importantes que podem ser celebradas. Mas quanto ao sonho de ver o desenvolvimento da região com a proteção dos índios e das comunidades, ainda não conseguimos tudo. Tivemos um processo de conquistas, mas elas não são plenas. Até porque a grande mudança que se queria era a mudança do modelo de desenvolvimento e isso é um desafio para o mundo inteiro.

Qual seria a principal mudança?

A idéia que se tinha de que a Amazônia era um lugar atrasado, sem presença de população, uma floresta a ser domada, foi mudando significativamente na mentalidade e na atitude da maioria dos brasileiros. Claro que ainda é um começo, mas é significativo. Até porque o outro modelo tem 300 anos de tecnologia, de incentivo, de recurso, de governos apoiando. O modelo do desenvolvimento sustentável é muito recente. Até bem pouco tempo tínhamos no Acre o esquadrão da morte. A história se faz de processos cumulativos e acho que há um acúmulo positivo, mas claro que temos um sentido de urgência e que os passos precisam ser acelerados no rumo do desenvolvimento sustentável.

Mas apesar de terem sido criadas dezenas de reservas, essas populações ainda não têm conseguido viver só do extrativismo. Muitas reservas ainda não têm nem sequer plano de manejo e de ação. Isso não ofusca um pouco o avanço obtido?

Acho que são processos que estão em curso. Da mesma forma que ainda as pessoas nas periferias do País não vivem nas condições de dignidade que a gente gostaria que elas tivessem. Por isso digo que são processos cumulativos. No meu entendimento esse trabalho não ficou só na demarcação da reserva, mas temos processos em curso. Por exemplo, a criação do Instituto Chico Mendes, criado para cuidar de todas as unidades de conservação do Brasil. Antes isso era cuidado só por uma diretoria do Ibama com dificuldades enormes. Ou a criação do Serviço Florestal Brasileiro, que assegura que as concessões de áreas priorizem essas comunidades. Saímos da lógica de só criar reservas em áreas remotas para criar também na frente de expansão predatória. Trabalhamos no Plano Amazonas Sustentável, no Plano de Comunidades, que ainda não foi lançado, mas prevê um programa de cerca de R$ 1,6 bilhão até 2010 para essas comunidades. Acabamos de aprovar no Congresso a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que garante aposentadoria para os extrativistas. É um processo que não vai de vento em popa porque existe uma resistência muito grande. Essa PEC ficou um ano na mesa aguardando votação e quando saí tive de ouvir com ironia que "a caridosa Marina Silva agora quer dar aposentadoria para os extrativistas". Claro que não está tudo perfeito, mas também não foi só demarcar e deixar as pessoas no meio do mato.

O problema é que enquanto isso não avança, tem-se a impressão de que o pessoal em algumas reservas vai desistindo do extrativismo como modelo econômico, como o caso da Reserva Chico Mendes, que apresenta um crescimento do cultivo de gado.

Eu concordo que deveria ser mais rápido, mas temos 300 anos na frente de outros modelos. E tem de sair do zero para fazer esse esforço. Essa mudança de algumas pessoas, que não são todas, que resolveram transformar um terreno em pasto para adotar o gado de fazendeiros que ficam ali fazendo pressão ao lado da reserva é um desvio. Agora essa fazendinha que tem ali dentro surgiu já na época dos empates. Quando a reserva foi criada essa região já estava desmatada. Não é tudo fruto de ação de seringueiro.

A senhora acha então que esse caso da Chico Mendes é mais exceção que regra?

Veja, o que estou dizendo é que a criação de uma reserva não é coisa de pequena monta. No Estado do Pará não se criava uma reserva há anos e se criou uma reserva de mais de 13 milhões de hectares dentro da terra do Cecílio Rego Almeida (na Terra do Meio), que era de grilagem. É a maior estação ecológica do planeta. Não quero elevação disso, mas mostrar que é um processo difícil, que levou ao assassinato da irmã Dorothy. São ações que estão alterando um processo histórico de apropriação indevida, de grilagem. Primeiro se assegurou a terra das comunidades tradicionais. O próximo passo é implementação. As comunidades têm toda a razão de querer urgência nisso, mas tem um caráter difícil mesmo. E não digo isso em uma perspectiva defensiva nem para dizer que está perfeito, mas é porque a luta do Chico Mendes tem conquistas. Se imaginar que foram inibidas 37 mil propriedades de grilagem no Amazonas, envolvendo Pará, Mato Grosso e Rondônia... Isso certamente tava incidindo sobre as comunidades. Então barrar um processo como esse é fazer um empate institucional que com as certeza as comunidades nunca teriam condições de fazer sozinhas. Então a luta do Chico teve essa vitória de ter transformado essa agenda em uma agenda de Estado.

É o governo assumindo o papel dos seringueiros da década de 80?

Hoje existem 27 delegacias especializadas da Polícia Federal fazendo um trabalho que antes era só dos seringueiros, dos índios se defendendo. Quem imaginaria 1500 serrarias sendo desconstituídas, não só embargadas? Isso era impossível 20 anos atrás. Ou então a Polícia Federal descendo com 480 policiais como ocorreu em 2004 para fazer a maior o operação de combate aos crimes ambientais no Mato Grosso? Quem imaginaria o índice de desmatamento caindo 72% no Estado, em que pese toda a contra-mão do governo? Isso tudo incide nas comunidades porque a pressão de tudo isso é sobre elas. Mas não tiro uma vírgula de que esse processo tem de andar rápido, que tem de ter um plano, que tem de ter a economia comunitária. Tanto que aprovamos no Senado uma emenda na Comissão do Meio Ambiente, em homenagem aos 20 anos da morte de Chico Mendes, R$ 100 milhões para tentar agilizar essa agenda em 2009.

A senhora acredita que essa foi a grande conquista de Chico Mendes?

Me lembro quando eu era pequena que meu pai ficou duas horas ouvindo num rádio chiando no meio do mato onde morávamos o discurso do Garrastazu Médice. Ao final ele virou para minha mãe e falou: "Mas ele não disse nada sobre o preço da borracha. E é claro que ele é que não ia falar porque estávamos abandonados no meio da floresta. Ninguém mais falava em preço da borracha. A grande conquista de Chico é que hoje a sociedade brasileira é sensível à Amazônia e às comunidades tradicionais.

E quando ele morreu o Brasil ainda levou uns dias para absorver a comoção que tinha sido no exterior.

Exatamente. Me lembro que alguns dias antes de ele ser assassinado eu fui a Xapuri e nos encontramos. Quando estava indo embora, ele falou que não ia ter jeito, iam pegar ele. Fiquei calada, e ele continuou. É 'nêga véia', dessa vez vão me pegar. Continuei calada, ele repetiu mais uma vez e eu disse para irmos a Rio Branco, denunciar na imprensa. E ele falou: 'Não adianta, toda vez que eu faço isso me dizem que eu estou me fazendo de vítima, que quero me promover, que quero virar mártir. Vi que estava desamparado, desolado. Quase que saindo da impotência para alguma potência. E agora o governo do Acre está pegando um empréstimo do Banco Mundial para o Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre, que tem um forte olhar para essas comunidades. O Chico ganhou a irã e raiva de todo mundo porque foi ao Congresso americano denunciar um empréstimo do Banco Interamericano para o asfaltamento da BR-364 que não estava cumprindo com cláusulas de respeitos às comunidades locais e populações indígenas.

Chico dizia que queria viver, que não achava que sua morte poderia ajudar a causa. A senhora acha que se ele estivesse vivo teria se alcançado tudo que se conseguiu em conseqüência ao assassinato dele?

Eu preferia ele vivo, porque acho que a história sempre se elabora dentro das relações sociais que se vai construindo. Com ele vivo talvez fosse um caminho. Não acredito que, vivendo a crise ambiental que temos hoje, e com os avanços que tivemos na consciência das pessoas em todo o mundo sobre o papel da floresta, da biodiversidade, e o valor das populações locais em sua proteção, que as coisas pudessem continuar do jeito que elas estavam antes. Certo que seriam outros caminhos. Agora é claro que a morte do Chico deu visibilidade para isso, mas não porque ele foi morto, mas porque as idéias que ele defendia eram válidas, deu porque o que ele fazia tinha uma força de verdade que prevaleceu com sua morte. O tema era importante.

E quais são os principais passos daqui para frente para fortalecer essas comunidades? O Fundo Amazônia deve dar um impulso para o tão defendido pagamento por serviços ambientais?

O Fundo Amazônia tem de fazer isso. Até porque a União Européia está discutindo fazer um aporte de US$ 20 bilhões para países que têm floresta. E qualquer política que não seja capaz de ter um olhar para os serviços ambientais prestados por essas comunidades será aldo na contra-mão. Mas o desafio é a mudança de modelo predatório na pecuária, na produção de grãos, na exploração de madeiro, para um modelo de sustentabilidade. Chico Mendes tem de ser visto como alguém que deixou um legado que se espalhou para além da família, dos amigos. Se impôs de forma legítima no coração e na mente das pessoas e nas dinâmicas sociais e culturais. Não pode se medido pelo que foi feito até agora. As conquistas ainda são bem menores que esse legado, mas é ele que nos impulsiona para frente e nos dá força para fazer o bom combate na mudança estruturante que o Brasil precisa ter, que é a da sustentabilidade ambiental, econômica e social.

(Fonte: Giovana Girardi / O Estado de S. Paulo)

OBAMA PRÓ-REDUÇÃO DE EMISSÃO DE GASES

Barack Obama escolheu o professor John Holdren como assistente para ciência e tecnologia, na Casa Branca.

Obama terá professor pró-redução imediata de emissão de gases como conselheiro

O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou neste sábado, por meio de um pronunciamento gravado e publicado no site da sua equipe de transição, que o professor John Holdren, da Universidade Harvard e do Instituto de Pesquisas de Woods Hole, será seu assistente para ciência e tecnologia, na Casa Branca.

Em janeiro passado, ainda como chefe do Conselho da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), Holdren concedeu entrevista à Folha na qual defendeu que os Estados Unidos devem "começar a baixar a curva de emissões imediatamente". Holdren diz crer que "a maioria dos americanos entende que é essencial para os EUA serem líderes em redução de emissões, não um retardatário como este país tem sido até agora".

Na gestão Obama, Holdren ainda acumulará o cargo de diretor do Escritório da Casa Branca para Ciência e Tecnologia e de co-diretor do Conselho Presidencial para Ciência e Tecnologia.


Holdren diz crer que "a maioria dos americanos entende que é essencial para os EUA serem líderes em redução de emissões, não um retardatário como este país tem sido até agora"...

"Um físico renomado por seu trabalho em clima e energia, ele recebeu inúmeras homenagens e prêmios por sua contribuição e tem sido uma das mais empolgadas e persistentes vozes do nosso tempo sobre a ameaça das mudanças climáticas", afirmou Obama ao defender a sua indicação de Holdren.

No Conselho Presidencial para Ciência e Tecnologia trabalharão também Harold Varmus e Eric Lander. O primeiro ganhou prêmio Nobel por suas pesquisas sobre câncer e trabalhou como diretor do Instituto Nacional de Saúde durante o governo de Bill Clinton (1993-2001), o último presidente democrata; e Lander é conhecido por promover pesquisas de mapeamento do genoma humano no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e em Harvard.

"Está na hora de devolver a ciência ao topo das nossas prioridades e trabalhar para tornar os EUA, novamente, líder mundial em ciência e tecnologia", afirmou Obama. "Promover a ciência não é só dar recursos mas também proteger os questionamentos livres e abertos."

Obama indicou ainda a cientista ambiental e marinha Jane Lubchenco para administração da NOAA (Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA).

(Fonte: Folha Online)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Perigo para a Saúde - Lavar frutas e hortaliças não é suficiente para nos livrar dos agrotóxicos

Nem sempre lavar, deixar de molho e esfregar frutas e verduras é o suficiente para retirar o excesso de agrotóxicos. Médicos afirmam que nada disso funciona e que as melhores opções ainda são os produtos orgânicos que saem da horta sem pesticidas.

Para este mercado existe um público mais exigente e consciente do perigo que ronda as prateleiras com produtos convencionais. Testes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) identificaram resíduos de até quatro pesticidas diferentes em várias amostras de frutas, verduras e legumes.

“Os recordistas de resíduos que nós encontramos foram alface, tomate e morango”, aponta a chefe da Anvisa no Paraná, Elaine Castro Neves. Segundo ela, a maioria dos venenos são utilizados, muitas vezes, na lavoura e absorvidos pela planta através da raiz. “Todas essas histórias e orientações que a gente tem visto por aí que dizem que lavar, passar buchinha [esponja], deixar na geladeira e tirar a casca vai eliminar o veneno e aí nós vamos poder consumir com toda a certeza não tem nada comprovando que isso seja eficaz”, alerta.

As aparências enganam - Uma dica é tomar cuidado na hora da escolha. O consumidor exige e o mercado tenta oferecer o produto ideal: fruta lisinha e o legume perfeito. Só que o mais bonito nem sempre é o mais saudável.

“Se tiver um bichinho, um furinho que uma minhoca comeu na alface, isso significa que ali não tinha veneno”, diz a chefe da Anvisa no Paraná, Elaine Castro Neves.

Esse é um segredo que a agrônoma Cássia Yoshi já descobriu. “Não precisa se preocupar com o bichinho. Só tirar e pode consumir o produto normalmente”, garante.

A melhor receita mesmo é dar preferência aos produtos da época e sempre variar o cardápio. Mas para se livrar de vez dos agrotóxicos só há dois caminhos: manter a boa e velha horta no fundo de casa ou encher a cesta com produtos orgânicos.

“O preço dela é maior, mas compensa, porque a gente está cuidando da saúde. A gente tem que pensar na qualidade de vida”, diz uma consumidora. (Fonte: G1)

Estudantes de Administração da UESC visitam a RPPN Mãe da Mata.

Estudante Laísa que visitou, junto com outros colegas a RPPN a semana passada.






Cobra Camuflada na Folhagem




Cipó Medicinal Escada de Macaco


Lanche de Frutas Orgânicas

Lista oficial traz 472 espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção

A nova Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção elaborada pela Fundação Biodiversitas sob encomenda do Ministério do Meio Ambiente relaciona 472 espécies, quatro vezes mais que a lista anterior de 1992. Os biomas com maior número de espécies ameaçadas são a Mata Atlântica (276), o Cerrado (131) e a Caatinga (46). A Amazônia aparece com 24 espécies, o Pampa com 17 e o Pantanal com duas. Nenhuma espécie da lista anterior foi excluída.

A instrução normativa atualizando a lista foi assinada, nesta sexta-feira (19), pelo ministro Carlos Minc em solenidade no Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), com a presença do presidente do JBRJ, Lizst Vieira; da secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de Brito; da Sociedade Botânica do Brasil, Paulo Guínter Wíndish; do diretor de pesquisa científica do JBRJ, Fábio Scarano, e do diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, entre outros representantes da academia e da sociedade civil.

Segundo Minc, o desafio agora é coibir o crime ambiental, criar mais unidades de conservação, estimular a criação de RPPNs e tomar medidas para impedir o corte, o transporte e a comercialização o de espécies ameaçadas. "Essa lista coloca para nós uma série de desafios para revertermos o quadro da destruição da biodiversidade e todos temos um papel importante a desempenhar", disse o ministro.

De acordo com a instrução normativa, que deve ser publicada no Diário Oficial da União na próxima semana, as espécies constantes da lista são consideradas prioritárias para efeito de concessão de apoio financeiro à conservação pelo governo federal e sua coleta será efetuada somente com autorização do órgão ambiental competente.

Também constam da lista das ameaçadas, 12 espécies de importância madeireira que já integram a lista de 1992. A nova lista adiciona uma única espécie de interesse madeireiro, o ?pau-roxo? (Peltogyne maranhensis) , da Amazônia. Entre as outras espécies de uso econômico estão algumas de uso alimentício (caso do palmito/juçara) , medicinal (jaborandi), cosmético (pau-rosa) e também ornamental. O jaborandi e o pau-rosa também já constam da lista de 1992.

O crescimento no número de espécies em relação à lista anterior reflete não apenas o aumento das pressões antrópicas sobre a vegetação de diferentes regiões brasileiras ocorrido ao longo das últimas três décadas, mas também um melhor nível de conhecimento sobre a flora brasileira e a participação de uma parcela mais expressiva da comunidade científica no processo de elaboração da lista.

No que se refere às regiões brasileiras, o Sudeste apresenta o maior número de espécies ameaçadas (348), seguido do Nordeste (168), do Sul (84), do Norte (46) e do Centro-Oeste (44). Neste contexto, Minas Gerais (126), Rio de Janeiro (107), Bahia (93), Espírito Santo (63) e São Paulo (52) são os estados com maior número de espécies ameaçadas.

Este fato é um reflexo da presença, particularmente nas regiões Sudeste e Nordeste, dos biomas com maior número de espécies ameaçadas, caso da Mata Atlântica, bem como o fato de essas duas regiões concentrarem os estados cuja biodiversidade é mais bem conhecida.

Espécies com deficiência - Uma segunda lista elaborada pela Fundação Biodiversitas inclui as espécies com deficiência de dados (Anexo II da Instrução Normativa assinada pelo ministro Carlos Minc disponível no site do MMA), composta de 1.079 espécies. Este grupo refere-se a espécies cujas informações (distribuição geográfica, ameaças/impactos e usos, entre outras) são ainda deficientes, não permitindo seu enquadramento com segurança na condição de ameaçadas. As espécies constantes do anexo II da lista de flora ameaçada não estarão sujeitas às restrições previstas na legislação em vigor.

De acordo com a secretária de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito, um dos importantes desafios que o MMA assume ao editar novas listas de espécies ameaçadas é assegurar que essas espécies sejam retiradas das listas e, da mesma forma, as que estão com dados insuficientes sejam esclarecidas.

Para isso, o MMA, juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e com o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e, em parceria com outros ministérios e a sociedade civil organizada, estão aprimorando mecanismos para a integração de esforços visando incrementar ações voltadas ao conhecimento da biodiversidade presente nos diversos biomas brasileiros e a recuperação das espécies ameaçadas.

Com a divulgação da nova lista, o MMA planeja desenvolver, juntamente com suas vinculadas, um plano estratégico coordenado pelo JBRJ voltado à efetiva conservação e recuperação das espécies ameaçadas. Este plano seguirá as diretrizes estabelecidas pelas Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010, da Conabio, que incluem, entre outros pontos, a elaboração de planos de ação e a criação de Grupos Assessores para todas as espécies ameaçadas de extinção; a conservação efetiva da totalidade das espécies ameaçadas em Áreas Protegidas; a conservação em coleções ex situ de 60% das espécies de plantas ameaçadas e a inclusão de 10% das espécies de plantas ameaçadas em programas de recuperação e restauração.

A primeira lista das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção foi editada em 1968 (Portaria IBDF nº 303), com a inclusão de 13 espécies. A segunda ocorreu em 1980 (Portaria IBDF nº 1471), com a adição de uma espécie à lista anterior. Em janeiro de 1992 foi publicada uma nova lista, (Portaria Ibama nº 6-N), desta vez com a inclusão de 107 espécies. Três meses após, por meio da Portaria Ibama nº 37-N, foi editada uma nova lista, com 108 espécies.

(Fonte: Daniela Mendes/MMA)

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Eike financia Candidato Verde

A notícia de que o empresário Eike Batista está financiando com R$ 100 mil a candidatura do deputado Fernando Gabeira (PV) assustou ambientalistas no País, principalmente no Mato Grosso do Sul. Isso porque o parlamentar carioca é autor de um projeto de lei que veda o uso de carvão vegetal produzido com madeira de florestas naturais. E Eike, como se sabe, é dono de uma das empresas que vem acumulando multas milionárias pelo uso de carvão feito com madeira nativa, o Sistema MMX de mineração e siderurgia, que atua não só no Mato Grosso do Sul, mas também no Amapá, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O motivo da apreensão é obvio: o de que a doação exerça algum tipo de pressão para melar o PL na Câmara.

EXCLUSIVO: Reforma da Legislação Ambiental Brasileira é discutida entre entidades e Frente Parlamentar da Agropecuária

Fernanda Machado / AmbienteBrasil (*)

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e representantes de entidades do setor realizaram debate, em Brasília, com o objetivo de formular uma proposta de reforma da legislação ambiental brasileira, para identificar as principais inconformidades da legislação atual.

O vice-presidente da FPA, senador Gilberto Goelner, salientou na abertura da reunião, no dia 9 passado, a importância da participação das entidades no processo de construção de uma proposta concreta para reformulação da legislação ambiental. Conforme determinação do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, as entidades terão 120 dias de prazo para encaminhar suas propostas.

De acordo com a consultora jurídica para assuntos ambientais da Frente Parlamentar da Agropecuária, a advogada Samanta Pineda, o principal objetivo do debate é elaborar uma proposta base para ser discutida, posteriormente, por um Grupo de Trabalho (GT), com a participação dos Ministérios do Meio Ambiente, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário.

Estiveram presentes na reunião os representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Sociedade Rural Brasileira (SRB), da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOV), Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícolas (SINDAG), União da Indústria de Cana-de-Açúcar (ÚNICA) e da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA).

Além da reformulação da legislação ambiental brasileira, um dos pontos principais levantados na reunião foi em relação à vigência do Decreto Federal N° 6.514. Samanta Pineda informou que, embora já tenha havido a apresentação de proposta de modificação do diploma ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e também de dois decretos legislativos, um pela Câmara e um pelo Senado, a aplicabilidade do decreto ainda não foi suspensa.

“As conseqüências desse decreto são muito graves na medida em que as penas ali previstas são absolutamente rigorosas”, disse Samanta Pineda a AmbienteBrasil.

Diante disso, foi sugerido na reunião um pedido formal de suspensão da aplicabilidade do Decreto 6.514 pelo Ibama, compromisso assumido publicamente pelo ministro Minc em audiência na Câmara dos Deputados no último dia 20. Tal encaminhamento seria feito em nome das entidades presentes, Frente Parlamentar e com solicitação de apoio ao Ministério da Agricultura e das Secretarias de Agricultura dos Estados.

Além de buscar o apoio dos governos estaduais com este fim, foi acordado utilizar a imprensa para esclarecer a opinião pública da necessidade de mudança na legislação tanto em virtude dos efeitos sócio-econômicos quanto pelo ganho ambiental que normas coerentes trariam. Poderia assim ser apresentado um único projeto com caráter de urgência para rápida aprovação e com o apoio dos parlamentares de diversos partidos.

Compromissos assumidos

Cada entidade se comprometeu a levantar dados concretos das conseqüências econômicas e sociais da aplicação, tanto do Decreto quanto da legislação atual, para seu respectivo segmento, e de encaminhar à Frente Parlamentar da Agropecuária pedido de suspensão da aplicabilidade do Decreto e proposta de revisão legal.

Além disso, foi cogitada também a possibilidade de propositura de ação judicial objetivando a anulação do Decreto por inconstitucionalidade. No entanto, houve consenso em aguardar até a próxima reunião para que fosse constatada a existência de alguma ação concreta por parte do MMA. Enquanto isto, todas as entidades irão avaliar as inconstitucionalidades e possibilidade jurídica de sucesso da ação.

Para a FPA, ficou o compromisso de enviar às entidades relação de todos os projetos ambientais em tramitação no Congresso Nacional. De acordo com a assessoria da Frente, a próxima reunião está agendada para dia 25 deste mês, na Câmara dos Deputados.

* Correspondente em Brasília (DF).

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Parece, mas não é: como identificar o falso sustentável

No balaio do falso sustentável, há pelo menos dois comportamentos distintos que têm em comum o fato de não contribuírem de verdade para uma mudança de paradigmas. Um é o do empresário "ingênuo", que até quer fazer algo, mas não se informa sobre o assunto, age de modo equivocado e acaba não contribuindo para uma modificação do processo. Outro é aquele que, apesar de adotar um discurso em que se define como sustentável, não age de acordo, mantendo velhos padrões de produção voltados apenas para o lucro dos acionistas.

É o que em inglês recebeu o nome de greenwashing, ou seja, lavar sua imagem dizendo que é uma empresa verde, mas que continua provocando impacto ambiental.

"Um dos modos mais comuns de fazer isso é, por exemplo, financiar uma ONG com alguma atividade ambiental para esconder que promove impactos pesados, como desmatamento, poluição", afirma Paulo Itacarambi, diretor-executivo do Instituto Ethos, ONG que trabalha com empresas para ajudá-las a gerir seus negócios de forma socialmente responsável.

"Nesses casos costuma-se investir em um marketing agressivo, mas ele é descolado da gestão. Essas informações não aparecem nos relatórios de sustentabilidade, não há transparência", comenta a diretora-executiva da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), Clarissa Lins.

No exterior, em especial nos países desenvolvidos, esse movimento já é tão disseminado que resultou numa lista dos "seis principais pecados do greenwashing", elaborada pela agência canadense de marketing ambiental TerraChoice.

Há 20 anos observando propagandas de apelo verde, a equipe da agência percebeu que o greenwashing cresceu à medida que aumentou o interesse do público por questões ambientais.

A análise das promessas nas embalagens de mais de mil produtos disponíveis em mercados americanos serviu de base para a definição dos pecados. O primeiro e mais comum é o dos malefícios esquecidos - produto destaca um benefício ambiental, como ser reciclável, mas não menciona quanta energia é gasta para sua produção, ou diz que é feito sem testes em animais, mas sua decomposição pode prejudicar a cadeia alimentar.

Outros problemas observados pela equipe são: falta de provas (como lâmpadas que anunciam maior eficiência energética sem apresentar qualquer estudo comprovando); promessa vaga (produto traz dizeres como "verde", "ambientalmente produzido" ou que é "livre de químicos" sem detalhamento); irrelevância (destaca um benefício que é uma obrigação, como ser livre de CFC, substância banida do mercado americano) e a mentira mesmo. O último é o chamado "pecado de dois demônios", que até traz alguns benefícios reais, mas em produtos cuja categoria é questionada, como cigarros orgânicos.

Erro de avaliação - Entre os "equivocados", explica Clarissa Lins, é comum a empresa confundir sustentabilidade com filantropia e assistencialismo, como adotar uma creche ou uma praça e dizer com isso que é sustentável. "Não adianta, por exemplo, plantar árvores, sem rever o nível das suas emissões de gases de efeito estufa, fazer gestão de resíduos ou diminuir o consumo de água."

Muitas estão ainda mais longe disso, porque nunca inventariaram suas emissões para identificar fontes onde é possível fazer reduções. Outras têm o dever de reduzir emissões estabelecido por órgãos ambientais, mas anunciam isso como se fosse uma posição inovadora da empresa. Nessa linha de contar vantagem em cima do cumprimento da lei também é comum ver empresas se vangloriando de respeitar a reserva legal e as matas ciliares, comentam especialistas ouvidos pelo Estado.

Ainda mais grave é fazer apenas algumas mudanças consideradas "cosméticas" sem observar o impacto de sua cadeia de produção. "De que adianta uma construtora, por exemplo, fazer um prédio com captação da água de chuva e aquecimento solar da água de chuveiro sem olhar para seus materiais. A madeira vem de desmatamento? A fabricação do aço tem trabalho escravo, a olaria usa trabalho infantil?", questiona Paulo Itacarambi, do Ethos. (Fonte: Estadão Online)

sábado, 30 de agosto de 2008

Governo precisa dar o exemplo de práticas ambientais sustentáveis, diz Minc

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse nesta quinta-feira (28), na abertura do III Fórum Governamental de Gestão Ambiental A3P, no auditório do Tribunal Superior do Trabalho, que a Administração Pública tem que dar o exemplo no que diz respeito às práticas ambientais sustentáveis. "Não basta falar, tem que fazer", alertou.

Para ele, o governo não pode apenas ficar pedindo para a iniciativa privada adotar um comportamento ecologicamente correto sem fazer a sua parte para a preservação do meio ambiente.

Ele quer que as obras públicas utilizem apenas madeira certificada, sejam planejadas para assegurar um aproveitamento melhor da energia e da luz solares e contribuam direta e indiretamente para a redução das emissões de gases que agravam o efeito estufa. "É fácil o estado cobrar, mas fazer o contrário", salientou.

O Fórum, que reúne mais de 400 participantes, é uma iniciativa da Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA para que os gestores públicos troquem experiências sobre práticas sustentáveis nas obras públicas. A utilização de materiais reciclados, a redução do consumo de descartáveis poluidores do meio ambiente e a participação dos servidores na adoção de práticas sustentáveis foram destacados pelo ministro como medidas a serem incentivadas nos estados, municípios e na administração federal. Segundo ele, o serviço público tem que atuar como indutor, irradiando as boas práticas ambientais.

Para Minc, cada órgão público deveria ter um servidor por andar, responsável pelas práticas ambientais em seus locais de trabalho. "Temos que 'Ecologizar' a Administração Pública", destacou Minc. Os órgãos públicos, segundo disse, não podem "deseducar" ambientalmente. "Quando se dá o exemplo, estamos contaminando outros setores" , disse a respeito das boas práticas ambientais. Uma mudança de atitude da Administração nesse sentido poderia estimular os fornecedores a mudar seus hábitos também.

Ele citou exemplos, como adoção de papel reciclado em órgãos públicos do Rio. "Não queriam porque alegavam que ia ficar muito caro, mas depois do pregão eletrônico se viu que ia sair quase o mesmo preço", disse. Para o ministro, o que falta é a Administração criar demanda para produtos ecologicamente corretos. "Havendo produção em larga escala os preços despencam", avalia.

O Programa A3P já conta com a adesão de 33 instituições federais e comprometimento de mais de 300 entidades estaduais e municipais e recebeu a adesão do TST durante o Fórum. Participam vários órgãos da administração pública, dos três poderes, além de representantes de governos estaduais e municipais.

Minc voltou a destacar o papel da educação ambiental, do consumo consciente e das práticas simples que aliadas ao exemplo da administração pública contribuem para a preservação de um meio ambiente saudável. "Menos consumo de energia significa menos hidrelétricas, menos problemas ambientais e menos termoelétricas que contribuem muito para a emissão de gases nocivos ao meio ambiente", lembrou. (Fonte: MMA)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Aquecimento global ameaça as importantes reservas de água do Himalaia

A mudança climática ameaça seriamente as reservas de água da região do Himalaia, colocando em perigo a subsistência de 1,3 bilhão de pessoas, afirmaram os especialistas reunidos em Estocolmo por ocasião da Semana Internacional da Água.

A região montanhosa do Himalaia, que abriga geleiras, e a zona de permafrost (camada de gelo permanente), as maiores do mundo depois das regiões polares, experimentaram nos últimos anos um degelo progressivo e uma mudança espetacular no que diz respeito a precipitações, lamentaram.

"As geleiras do Himalaia desaparecem mais rápido do que no resto do mundo", afirma Mats Eriksson, do programa de gestão da água do Centro Internacional do Desenvolvimento Integrado das Montanhas.

Apesar das grandes altitudes, da distância e da difícil cooperação entre os países da região complicarem os estudos do fenômeno, Eriksson acha evidente que "a região está sendo especialmente afetada pela mudança climática".

"O retrocesso das geleiras é enorme, de até 70 metros ao ano", precisou.

Xu Kinchu, que dirige o Centro para Estudos do Ecossistema Montanhoso na China, também assegurou que a mudança climática está devastando o Himalaia, enfatizando, por exemplo, que as temperaturas da montanha tibetana aumentaram 0,3 grau por década, "o dobro da média mundial".

É difícil quantificar as repercussões nas reservas de água, mas o impacto é real na região em que as geleiras e a neve fornecem 50% da água que desce pelas montanhas e que alimenta nove dos maiores rios da Ásia.

O Himalaya, conhecido como o "Teto do Mundo", se estende através da China, Índia, Nepal, Paquistão, Mianmar, Butão e Afeganistão. A cordilheira montanhosa representa uma fonte importante de água para uma das regiões mais povoadas do planeta, com cerca de 1,3 bilhão de pessoas segundo um censo oficial.

"A neve e o gelo se fundem proporcionando uma importante fonte de água fresca para a irrigação, energia e o consumo", explica Xu.

As geleiras têm uma capacidade enorme para conservar a água. Desta maneira, se o nível de água aumenta à medida que o gelo se funde, a longo prazo, o desaparecimento das geleiras reduzirá a água disponível.

Paralelamente ao degelo, os cientistas observaram que em muitas zonas do Himalaia há mais chuva no período das monções e menos em épocas secas.

"As regiões mais secas ficam mais secas e as mais úmidas mais úmidas", resume Rakhshan Roohi, cientista do Instituto de Pesquisas de Recursos Água do Paquistão.

Além disso, com as condições climáticas incertas para as colheitas, que provocaram a migração de pessoas em busca de meios de subsistência alternativos, os agricultores enfrentam cada vez mais desastres naturais como cheias de rios e transbordamento de lagos. (Fonte: Yahoo!)

Minc anuncia fórum permanente de discussão com ongs ambientalistas

Organizações não-governamentais de meio ambiente e a Frente Parlamentar Ambientalista vão participar das discussões sobre a revisão no Decreto 6.514/2008, que tornou mais rígida a Lei de Crimes Ambientais. A mudança no texto foi solicitada pelo setor agrícola, que alega dificuldades em cumprir 12 dos 162 artigos da legislação, em especial o que trata da averbação e recomposição da reserva legal. Representantes do agronegócio devem encaminhar esta semana ao Ministério do Meio Ambiente uma proposta de alteração na lei.

"Esses pontos de divergências serão debatidos entre todos os setores, tendo em vista que as ongs estão maduras, o setor produtivo está maduro e o governo está maduro", disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, nesta segunda-feira (25), após reunião com representantes de nove ongs. "Estamos inaugurando um fórum permanente com as ongs e os encontros serão permanentes, já que temos muitos temas comuns em pauta", disse, acrescentando que todas as ongs convidadas para o fórum são sérias e possuem tradição de conversar com o setor produtivo.

O eixo principal do fórum, segundo Minc, será o desmatamento zero. Sérgio Leitão, do Greenpeace, destacou que o Brasil já possui áreas desmatadas o suficiente para permitir que o Brasil zere o desmatamento e, ao mesmo tempo, garanta o crescimento econômico e o processo de expansão da agricultura. "Isso é que vai nortear as discussões", disse.

Participaram da reunião as ongs TNC, WWF Brasil, Amigos da Terra, Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam), Instituto Socioambiental (ISA), Conservação Internacional, Greenpeace, Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e Rede de Ongs da Mata Atlântica. No encontro desta segunda-feira também foram tratados temas como zoneamento ecológico-econômico, código florestal e combate ao desmatamento, entre outros assuntos.

Na reunião, Minc também garantiu às ongs que não haverá plantio de cana-de-açúcar em áreas do Pantanal. "O Pantanal não vai virar um canavial", disse, acrescentando que não serão permitidas usinas de cana no bioma e nem abrandamento das leis e resoluções nesse sentido. Ao contrário, segundo o ministro, serão criadas novas defesas, como uma faixa de exclusão da cana para além do bioma e uma série de restrições para diminuir o uso de agrotóxicos no plantio, a geração de vinhoto e o revolvimento da terra, o que aumenta a erosão e a sedimentação de rios.

Minc também destacou que não haverá alteração no Decreto 6.321, de dezembro de 2007, que estabelece regras para combater o desmatamento na Amazônia, nem na medida do Banco Central que limita o crédito rural a produtores que não estão em dia com suas obrigações ambientais e fundiárias. (Fonte: Gisele Teixeira/ MMA)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Agricultura prepara dossiê antidecreto que limita a área de plantio

Enquanto os ministros da Agricultura e do Meio Ambiente discutem juntos temas em comum das duas pastas e buscam um entendimento, entidades representativas de vários setores da agropecuária articulam ações judiciais e políticas para derrubar o Decreto 6.514, publicado em julho, alterando a Lei de Crimes Ambientais.

De acordo com Assuero Doca Veronez, presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a entidade com a ajuda de outras lideranças está sendo preparado um dossiê com informações técnicas sobre os supostos prejuízos que o Decreto trará ao setor. O documento será entregue na próxima semana.

"Vamos fornecer aos deputados todas as informações técnicas do quanto a agricultura vai perder em produção. Vamos dividir por região e mostrar os prejuízos em arrecadação, Produto Interno Bruto (PIB), geração de emprego", disse Veronez.

Segundo ele, a transformação de áreas produtivas em áreas de reflorestamento vai diminuir em 15% a área agricultável do País, o que corresponde a 35 milhões de hectares.

O dossiê faz parte de uma ação política junto ao executivo, mas as lideranças do agronegócio também buscam medidas judiciais. Segundo Veronez, na semana que vem haverá uma reunião com advogados para definir a estratégia jurídica. "O tipo de ação ainda não foi definido, mas haverá uma medida judicial. Vamos tentar reverter esse decreto já que ele foi analisado minuciosamente e considerado inconstitucional", disse.

O objetivo de fornecer o máximo de informações aos deputados deve-se ao fato de que na próxima semana haverá uma reunião entre os representantes do judiciário e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, onde o assunto será debatido.

Ontem a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados iria votar um requerimento de um anteprojeto de Decreto Legislativo para sustar o Decreto, mas a votação também foi adiada para a próxima semana. Um documento ssinado por várias instituições do agronegócio brasileiro também deve chegar nas mãos do presidente Lula na segunda-feira.

A revogação dos efeitos da nova norma é defendida principalmente pela Frente Parlamentar da Agropecuária e pela CNA. Na avaliação da entidade, a obrigatoriedade de averbar a reserva legal em 60 dias, sob pena de multa diária, que varia de R$ 50 a R$ 500 por hectare é um dos pontos mais graves para o setor agropecuário.

Priscila Machado
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

Programa da SBF incentivará recuperação de áreas de Mata Atlântica

14/08/2008


Daniela Mendes

Está em elaboração pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) do Ministério do Meio Ambiente um programa que tem por objetivo estimular a recuperação em larga escala de áreas da Mata Atlântica e proporcionar ao proprietário dessas áreas acesso aos mercados de carbono.

A proposta foi discutida nesta quinta-feira (14) em um workshop promovido pela SBF com a participação de outros departamentos do MMA, entre eles a Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental; além de entidades atuantes no bioma como a Rede de Ongs Mata Atlântica, o FBOMS, o Vitae Civilis, o Instituto Socioambiental, entre outros.

A versão final do programa deverá ser concluída até setembro e será apresentada durante o evento da Semana da Mata Atlântica, em outubro, no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Carlos Minc decide plantar dendê na Amazônia

Acordo selado entre os ministros da Agricultura e do Meio Ambiente permitirá a plantação de dendê e outras espécies exóticas em áreas de recuperação de floresta nativa na Amazônia. A expectativa é multiplicar o cultivo de oleaginosas destinado à produção de biodiesel na região.

"Quem tudo quer tudo perde", disse Carlos Minc (Meio Ambiente) ao confirmar o acordo, atacado por ambientalistas. "Se batermos o pé numa regra muito rígida, continua a área degradada." Ele adianta que metade da área já desmatada poderá ser recuperada por meio de espécies exóticas, mas o acordo ainda será detalhado antes de virar norma legal.

O Ministério da Agricultura estima que a área de cultivo do dendê na Amazônia Legal - de 60 mil hectares hoje - poderá crescer até cem vezes. O cálculo foi feito com base na soma das áreas degradadas e não contabiliza unidades de conservação ou demais áreas protegidas.

Segundo ONGs ambientalistas, o movimento na prática muda o Código Florestal e reduz a reserva legal no bioma de 80% para 50%, como prevê projeto de lei de autoria do senador ruralista Flexa Ribeiro (PSDB-BA). O projeto, apelidado de "Floresta Zero" e cujo substitutivo tramita na Câmara, libera produtores para plantarem dendê em vez de floresta na área de reserva legal.

A aprovação do projeto na Câmara vinha sendo barrada pelo Meio Ambiente. A então ministra Marina Silva se opunha ao texto. O da Agricultura, Reinhold Stephanes, é favorável a ele. "Esse acordo dá uma sinalização concreta para a bancada ruralista de que agora tem um ministro a mais", disse Paulo Adário, do Greenpeace.

Para as ONGs, o dendê, por ser uma monocultura, não cumpre o papel de recuperação da biodiversidade. Pior, há o temor de que o "Floresta Zero" estimule desmatamento além do permitido, já que os produtores poderão aproveitar a área aberta para plantar dendê.

Em nota divulgada na sexta-feira (8), um grupo de 12 ONGs criticou o acordo, acusando Minc de romper um compromisso -ele disse na sua posse que o governo não permitiria a redução da reserva legal na Amazônia. Minc avalia que o acordo do dendê é produto do "bom senso": "A idéia de recuperar áreas degradadas só com espécies nativas é mais interessante para a biodiversidade, mas não tem estímulo econômico".

Ele insiste em que a liberação para o dendê e culturas destinadas ao biodiesel terá como limite metade da área de reposição.

Minc e Stephanes já tiveram dois encontros nas últimas semanas, mas a agenda proposta pela Agricultura não chegou nem à metade. Entre os seis acordos selados, está o zoneamento da cana-de-açúcar. (Fonte: Marta Salomon/ Folha Online)

Brasil é líder em 'importação de água', diz relatório

Um relatório da organização ambiental WWF aponta o Brasil como líder de um ranking de países importadores de água virtual agrícola - a água usada em plantações para a produção de alimentos, bebidas e roupas.

O relatório foi apresentado nesta quarta-feira (20) na Semana Internacional da Água, que reúne cerca de 2,5 mil representantes de 140 países na capital da Suécia, Estocolmo.

O autor do estudo e especialista do WWF no mapeamento mundial da água, Stuart Orr, diz que o Brasil lidera o ranking por que importa mais commodities que consomem água para serem produzidas (como cereais e itens de vestuário) do que exporta.

Segundo o relatório, o Brasil exporta 91 bilhões de m3 de água agrícola virtual por ano e importa 199 bilhões de m3 - o que representa uma importação líquida de 107 bilhões de m3 a cada ano.

Em segundo lugar no ranking do WWF está o México (com importação líquida de 84 bilhões de m3 por ano), seguido de Japão (83 bilhões de m3), China (78 bilhões de m3), Itália (50 bilhões de m3) e Grã-Bretanha (40 bilhões de m3).

Impacto - "Quando um país importa produtos de outros países, é importante ter consciência do impacto gerado sobre os recursos de água nas regiões em que estes produtos foram produzidos", disse Orr à BBC Brasil.

"Por exemplo, uma camisa produzida com algodão cultivado no Paquistão ou no Uzbequistão requer 2,7 mil litros de água numa região que já apresenta sinais de escassez", afirmou.

O especialista do WWF ressaltou a importância de que o Brasil, assim como os demais países, levem em consideração o impacto gerado por suas importações nos recursos de água das nações que exportam os produtos.

"No caso do Brasil, é importante que o governo, as empresas e os consumidores tenham maior consciência deste impacto. É preciso saber onde e em que condições estes produtos são produzidos", disse Orr.

"Se um produto é produzido em uma região ameaçada, há duas alternativas: ou discutir formas de melhorar o gerenciamento local da água, ou mudar de fornecedor. O que não podemos fazer é exportar nossos problemas para outros países e consumir água de regiões ameaçadas", afirmou.

Grã-Bretanha - O relatório de Orr se concentrou na Grã-Bretanha, que é hoje o sexto maior importador de água virtual.

Segundo Orr, cada pessoa na Grã-Bretanha consome nas tarefas diárias uma média de 150 l de água por dia. Este total, porém, chega a 4.645 l de água per capita por dia quando se leva em conta a água "virtual" consumida na produção de alimentos, roupas e outros produtos.

Apenas 38% do total de água consumida na Grã-Bretanha vem de seus próprios rios, lagos e reservas, conforme o WWF.

O restante vem de recursos de vários países, utilizados para irrigar e processar alimentos e fibras que as pessoas consomem na Grã-Bretanha.

"O que nos preocupa particularmente é que enormes quantidades destes produtos são cultivadas em regiões mais secas do mundo, onde os recursos da água ou já estão ameaçados ou muito provavelmente estarão sob ameaça no futuro próximo", diz o relatório.

Para produzir apenas um tomate no Marrocos, segundo o estudo, são necessários 13 l de água. Levados em conta todos os ingredientes, uma xícara de café representa 140 l de água.

"Novo petróleo" - Os especialistas reunidos em Estocolmo falam da água como "o novo petróleo" - um recurso limitado, que já está se esgotando em diversas áreas e que se tornará cada vez mais caro, promovendo um impacto crítico nos preços ao consumidor.

A conferência, organizada pelo Instituto Internacional da Água de Estocolmo (SIWI), tem como tema central este ano o saneamento - "Progresso e perspectivas sobre a água: por um mundo limpo e saudável, com especial atenção ao saneamento".

Segundo os organizadores da conferência, mais de 2,5 bilhões de pessoas ainda sofrem com a falta de acesso a condições básicas de saneamento em todo o mundo.

A cada ano, 1,4 milhão de crianças morrem de doenças relacionadas à falta de saneamento básico.

A ameaça imposta pelas más condições sanitárias é, segundo os organizadores, um dos maiores problemas ambientais da atualidade. (Fonte: G1)

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura avançam em agenda comum

Os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Agricultura, Reinhold Stephanes, avançaram em mais quatro pontos da agenda comum das duas pastas, que inclui 15 itens. Após reunião, nesta terça-feira (12), os ministros afirmaram que há harmonização de pensamento entre os dois em relação às seguintes questões: passivo ambiental em áreas de preservação permanente, recuperação de áreas degradadas na Amazônia e no Cerrado, ampliação de alternativas para constituição de servidão florestal em áreas de preservação e ainda recomposição de reservas legais e APPs com espécies exóticas consorciadas com nativas.

Minc destacou que um dos acertos é a possibilidade de que os produtores possam fazer a recomposição da reserva legal fora de suas áreas produtivas, como em outras terras particulares ou em terras públicas, para que cumpram a lei sem diminuir a produção. Estamos estudando a viabilidade legal disso. Em terras particulares, por exemplo, a recuperação teria que ser no bioma e no estado de origem. No caso da área pública, o produtor poderia adotar uma área referente ao que tem, por lei, que recompor. É bom para ele e é bom para o governo, disse.

No caso das espécies exóticas, os dois ministros destacaram o uso do dendê em áreas de recuperação. É um triplo ganho, segundo Minc, porque ao plantar a oleaginosa o produtor seqüestra carbono, produz um combustível que emite menos gases e ainda recupera áreas degradadas.

"Agricultura e meio ambiente estão cada vez mais próximos na sua percepção. Nós queremos produção sustentável e agricultura quer a conservação dos solos e a proteção da água", destacou Minc. Stephanes reiterou que as duas pastas estão sintonizadas. "O ministro da Agricultura está sendo um pouco mais ambientalista e o ministro do meio ambiente um pouco mais da agricultura. Isso é o mais importante. Estamos procurando nos entender e estamos nos entendendo", acrescentou.

As duas pastas já haviam acordado, recentemente, em relação ao Zoneamento Agroecológico da Cana- de-Açúcar e às alterações no Anteprojeto de Lei de Acesso e Repartição de Benefícios. (Fonte: Gisele Teixeira/MMA)

Ministério do Meio Ambiente flexibiliza regras para pesquisa com biodiversidade

O governo oficializou a flexibilização das regras de acesso a recursos da biodiversidade em unidades de conservação federais para pesquisa científica. A norma, que consta em portaria do Ministério do Meio Ambiente, reestrutura o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio) e permite que as autorizações para pesquisa sejam emitidas por instituições científicas, como universidades.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) assinará termos de compromisso com essas entidades para transferir a aprovação de pesquisas, o que deverá reduzir a burocracia para estudos com uso da biodiversidade, o que inclui plantas medicinais. As instituições emitirão as licenças e informarão ao órgão ambiental sobre as pesquisas em andamento, sendo “co-responsáveis” pela pesquisa.

A portaria também institui um Comitê de Assessoramento Técnico, que subsidiará as decisões do ICMBio na aprovação prévia de autorizações para atividades como coleta e transporte de material biológico e captura ou marcação de animais silvestres, além de propor critérios de concessão de licenças e de fiscalização, por exemplo.

A nova regra atende pedido da comunidade científica, que sempre apontou a burocracia como um entrave à realização das pesquisas. Representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) estiveram com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, no último dia 5 para negociar as mudanças na legislação.

“Vemos a portaria como um avanço bastante positivo, e agora queremos testá-la. Na teoria ficou muito bom, queremos colocar em prática”, apontou a vice-presidente da SPBC, a bióloga Helena Nader.

A cientista lembrou que, além da portaria do MMA publicada na segunda-feira (11) no Diário Oficial da União, há outras questões relativas a pesquisa com uso da biodiversidade que só poderão ser desburocratizadas por meio do anteprojeto de lei – em tramitação da Casa Civil – que irá substituir a Medida Provisória 2.186/2001, que atualmente regula o tema.

“A portaria vai ser um grande teste. O anteprojeto regulamenta outros aspectos, em relação à legislação e ao acesso ao patrimônio genético, por exemplo. O ministro (Carlos Minc) disse que pretende enxugar, reduzir os detalhes; vamos acompanhar. O que a comunidade científica quer é menos lentidão e menos entrave para as pesquisas, enquanto a biopirataria corre solta”, ponderou Helena Nader. (Fonte: Luana Lourenço/ Agência Brasil)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Semi-árido será a região mais impactada pelo Aquecimento Global

O impacto mais forte do aquecimento global sobre a agricultura deve ocorrer justamente em uma área que já não é favorecida. A análise feita pela Embrapa e pela Unicamp separou as projeções município por município e mostrou que aqueles do semi-árido são os que mais sofrerão.

"Infelizmente, parte do semi-árido deverá virar um deserto mesmo, o que coloca o interior do Nordeste em situação crítica", diz Hilton Pinto, da Unicamp. Mas isso, segundo Eduardo Assad, da Embrapa, pode ajudar o governo e a sociedade a começarem a entender quais são as soluções.

"No caso do Nordeste, é muito simples", diz. "A saída está nas culturas locais.Na serigüela, no sorgo e assim por diante".

Caminhos mais genéricos, como a integração pastagem-lavoura (para melhorar o aproveitamento das áreas mais aptas para a produção) e o melhoramento genético (plantas transgênicas mais aptas à falta d'água, por exemplo) poderão ser usados para todo o Brasil.

O estudo de Assad e Pinto também aborda o problema da emissão de gases causadores do efeito estufa resultantes do avanço da fronteira agrícola no país. A situação tende apenas a piorar, dizem os pesquisadores, cada vez que se derruba uma árvore para abrir uma lavoura. Para barrar isso, diz a dupla, a questão do controle do desmatamento amazônico deve passar a ser central. (Fonte: Eduardo Geraque/ Folha Online)

Aquecimento global pode dar prejuízo de até R$ 14 bilhões à agricultura brasileira

Se nada for feito para conter o aquecimento global, a produção de alimentos no Brasil pode tomar um prejuízo de R$ 7,4 bilhões já em 2020. A situação fica ainda pior cinqüenta anos depois: em 2070, as perdas devem quase dobrar e atingir os R$ 14 bilhões. O alerta foi feito por um estudo realizado em parceria entre a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) divulgado nesta segunda-feira (11).

A cultura mais afetada será a soja, que pode perder até 40% na produção, o que renderia um prejuízo de R$ 7,6 bilhões até 2070. O cultivo de café deve mudar de endereço, deixando o Sudeste (o que deve gerar perdas de até 90% para os produtores de São Paulo e Minas Gerais) para ter sucesso no Sul. Entre as regiões brasileiras, o impacto maior se concentra no Nordeste, que verá uma forte redução na área das plantações de arroz, milho, feijão, algodão e girassol -- só nesses estados, 20 milhões de pessoas serão atingidas.

Mas se as notícias são ruins para a produção de alimentos, o aquecimento global não parece ter um efeito negativo sobre a cana-de-açúcar. “Apesar das mudanças climáticas, o programa do etanol parece estar garantido”, explicou ao G1 o co-autor do estudo, Eduardo Delgado Assad, da Embrapa. “O biodiesel, no entanto, vai enfrentar problemas, porque a soja é atingida em cheio”, diz ele.

O trabalho foi realizado unindo os dados do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas) sobre o aquecimento global, divulgados no início de 2007, com o Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos, do Ministério da Agricultura. A equipe analisou os nove cultivos mais representativos da produção nacional: algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, feijão, girassol, mandioca, milho e soja. E não levou em conta os estados da Amazônia, porque eles não fazem parte do zoneamento.

Durante o levantamento, os cientistas conseguiram analisar as variações de temperatura em áreas de cerca de apenas 40 quilômetros. “Estamos falando sobre os riscos do aquecimento global para a agricultura faz tempo. A diferença é que agora somos capazes de dar o endereço e o telefone do agricultor que será afetado”, afirma Assad.

Alterações previstas - O aumento provavelmente inevitável da temperatura no país, além de fazer as plantas e o solo perderem mais água por evapotranspiração, não deve ser compensado por um aumento correspondente de chuvas. É o que afirma Hilton Silveira Pinto, agrônomo do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp e co-autor do estudo.

“Os dados sobre chuva que nós obtivemos com o modelo climático são irregulares, mas há 4.000 estações da ANA (Agência Nacional de Águas) espalhadas pelo Brasil, com mais de 25 anos de dados. E a conclusão é que não há variação no total de chuva. Por isso, o que deve haver é o aumento de eventos extremos”, diz o pesquisador. Trocando em miúdos: a água que cai do céu ao longo do ano como um todo não deve variar, mas é quase certo que haja mais tempestades furiosas, intercaladas por períodos cada vez mais longos de seca. “É uma tendência que a gente já está vendo nos últimos 50, 60 anos”, afirma o agrônomo.

Isso significa tanto uma possibilidade maior de falta d’água nas fases mais críticas do crescimento das plantas quanto a intensificação da aridez em regiões que já são naturalmente ressequidas, como a caatinga do Nordeste e do norte de Minas. “No caso do oeste da Bahia, por exemplo, em que há grande produção de frutas com irrigação, a situação pode ficar crítica”, diz Silveira Pinto.


Adaptação e mitigação - E, se o problema vai ser água de menos, as medidas para diminuir a liberação de gás carbônico na atmosfera ou para se adaptar às temperaturas mais altas também podem ter um impacto positivo sobre os recursos hídricos, diz o pesquisador. Uma delas é o plantio direto, no qual a palhada da safra já colhida continua no solo durante a nova semeadura. “Com isso, você consegue uma economia de água de 10% e seqüestra (armazena) uns 500 kg de carbono por hectare ao ano”, afirma.

Outra combinação interessante é juntar numa só mistura sistemas agroflorestais (eucalipto plantado, por exemplo), lavouras anuais e gado. O aproveitamento máximo do solo - de preferência em áreas que hoje são pastagem degradada - também aumenta o seqüestro de carbono (via árvores), mantém o gado “sombreado” pela agrofloresta e pode até quadruplicar a produtividade da pecuária.

Uma aposta da Embrapa para a sobrevivência às mudanças climáticas são os chamados “transgênicos de segunda geração”, projetados não para serem maiores, melhores e sobreviverem sem pesticidas, mas para suportarem temperaturas mais altas. O segredo está nos genes de plantas típicas dos climas mais quentes do país, como o umbu e a sirigüela. Assad acredita que esse tipo de alteração genética pode manter o café em Minas e o algodão no Nordeste. “A biodiversidade brasileira, que está sendo destruída, é a verdadeira salvação da lavoura”, diz ele.

Para realizar tudo isso, o “gigante adormecido” conta com uma posição especial. “Temos domínio da agricultura tropical. Temos o conhecimento, temos o pessoal e, mais importante, temos área suficiente para colocar tudo isso em prática”, afirma Assad. “Mas precisamos de recursos. E precisamos começar já. Essas são estratégias que demoram anos para dar resultados. Já devíamos ter começado antes”, diz ele

Silveira Pinto aposta que os agricultores brasileiros não vão ficar de braços cruzados diante das necessidades impostas pelas mudanças climáticas. “Para começar, todo o sistema de financiamento agrícola do Brasil já depende do zoneamento de risco climático. E em agricultura conta muito o que chamamos de exemplo do vizinho. Quem adotar essas mudanças vai ser copiado”, afirma. (Fonte: G1)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O menor tamanduá do mundo


O Tamanduaí (Cyclopes didactylus, na foto) é o menor dos tamanduás existentes, pesando no máximo 300 gramas. Possui hábitos exclusivamente arborícolas e noturnos, sendo um dos animais menos estudados da ordem Xenarthra. Embora as populações da espécie sofram com o rápido desflorestamento e perda de habitat em toda a América Latina, ela não é considerada ameaçada pela IUCN, tendo a classificação de (DD) dados deficientes (IUCN, 2006), pelo fato de haver pouquíssimos estudos a seu respeito. Essa lacuna está sendo suprida pelo Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil, num trabalho que, sob coordenação da pesquisadora Flávia Miranda, visa levantar informações preliminares a respeito das populações de tamanduaí na Floresta Amazônia e Mata Atlântica, além de dados básicos de biologia, ecologia, sanidade e genética, que permitam embasar futuros planos de manejo para a conservação da espécie. O projeto é financiado pela Fundação O Boticário de Conservação a natureza e tem apoio da Wildlife Conservation Society-WCS. Para saber mais, visite o portal do Instituto.

RPPN - Investimento de futuro

Desde 2006, o Idéia Ambiental (Instituto de Pesquisa e Conservação da Natureza) trabalha com aquele que se tornou seu carro-chefe: o projeto “RPPN, um investimento de futuro”, que consiste no estabelecimento de propriedades particulares destinadas à proteção ambiental, onde se procede a realização de atividades de cunho científico, cultural, educacional, recreativo e de lazer.

Com parceiros em todos os setores, o Instituto registrou até hoje mais de 650 RPPNs, protegendo cerca de 5000 hectares em todo o Brasil. Inscrito no Bovespa Social Ambiental, programa mantido pela Bovespa, o projeto foi aprovado e atualmente é o único do segmento ambiental do Paraná a ingressar na rede de investidores desta instituição financeira.

Brasil ganha primeira estrada 'amiga dos animais'

As mortes de animais por atropelamento são consideradas hoje a segunda maior causa de perda de biodiversidade da fauna em todo o planeta, atrás apenas da redução de ambientes naturais. No estado do Espírito Santo a construção de uma estrada 'amiga dos animais' busca mudar essa situação.

A rodovia, que corta três unidades de conservação, conta com profissionais que a cada 90 minutos percorrem a estrada recolhendo e identificando os animais atropelados. A intenção é entender os padrões dos acidentes para assim elaborar novas maneiras de lidar com o problema.

Nos Estados Unidos, atualmente, 1 milhão de vertebrados são atropelados por dia nas rodovias do país. No Brasil, apesar de não existirem estimativas sobre o número de animais mortos nessa situação, acredita-se, pela extensão do país e pela existência de muitos ambientes cortados por estradas, que o índice também seja elevado.

Além da morte provocada pelos acidentes, alguns dos principais efeitos das rodovias e ferrovias para a fauna silvestre são a perda, a fragmentação e a perturbação dos hábitats naturais; a poluição; e o fato de as estradas representarem barreiras que podem isolar populações.

Mas os atropelamentos de animais silvestres podem ter conseqüências trágicas também para os humanos. Levantamento feito no Canadá, em 2003, para a Diretoria Canadense para o Transporte Seguro, revelou que, dos 1.253 acidentes envolvendo animais (inclusive domésticos) ocorridos no país de 1996 a 2000, 20 deles resultaram também em mortes humanas.

Os danos materiais decorrentes desses acidentes chegaram a mais de US$ 106 milhões. No Brasil, recentemente, foi noticiada em Goiás, a morte de um motociclista que colidiu com uma capivara. E a freqüência de acidentes deste tipo deve ser alta no território brasileiro.

Programa pioneiro

Apenas uma rodovia brasileira realiza o monitoramento sistemático de animais silvestres atropelados: a rodovia ES-060, conhecida como Rodovia do Sol, que liga Vitória e Guarapari, no Espírito Santo.

O trecho onde o monitoramento é realizado tem 57,7 km e é administrado (sob concessão) pela empresa RodoSol. A coleta dos animais atropelados é feita por inspetores de tráfego da concessionária, que percorrem toda a rodovia a cada 90 minutos, de dia ou de noite, todos os dias do ano.

Entre maio de 2001 e fevereiro de 2007 o programa registrou o atropelamento de 1.222 animais de 171 espécies, como o ouriço-cacheiro e a suaçubóia.

As aves são as que mais morrem na rodovia (44,4% das coletas), mas os números referentes a anfíbios, mamíferos e répteis também são significativos.

Entre as espécies identificadas, 23 tiveram 10 ou mais indivíduos mortos. Somadas, elas perderam 860 indivíduos. Portanto, apenas 13,4% das espécies respondem por 70,3% dos corpos coletados, destacando-se a cobra-d'água e a coruja-buraqueira como as duas espécies mais afetadas.

Foram atropelados de cinco a nove indivíduos de outras 23 espécies (que, juntas, representam 12,9% do total registrado), e um a quatro indivíduos das 125 espécies restantes (somando 16,7% dos indivíduos mortos).

Existe, portanto, significativa concentração de indivíduos mortos em poucas espécies e elevado número de espécies que tiveram poucos indivíduos atropelados.

A Rodovia do Sol apresenta às suas margens diferentes formações florestais e áreas urbanizadas. A comparação entre o número de atropelamentos e as formações florestais mostrou padrões bastante variados, uma vez que há grandes diferenças entre os ambientes naturais ao longo da estrada.

Porém, quando se considera toda a rodovia, percebe-se que o maior número de atropelamentos ocorre nas áreas onde existem ambientes naturais dos dois lados, pois os animais continuam a passar de um lado para outro em suas atividades de busca por alimento, abrigo ou parceiros.

Constatou-se ainda que 58,4% espécies atropeladas (110, do total de 171) são capazes de sobreviver em áreas que margeiam locais ocupados pela população humana, e podem ser encontradas tanto no ambiente natural quanto no urbano.

Para que as espécies silvestres sejam protegidas, é necessário realizar estudos de longo prazo sobre os atropelamentos de animais em estradas. Só assim será possível avaliar a eficácia dos instrumentos de proteção atuais e desenvolver novas técnicas que permitam, algum dia, evitar ou reduzir uma das maiores causas de extermínio da fauna silvestre no mundo e equilibrar a relação das espécies silvestres com os usuários das rodovias.

O Brasil conta hoje com um grupo de trabalho formado por pesquisadores, técnicos do Ibama e outros especialistas, que tem como principal objetivo definir ações prioritárias para diminuir as mortes de animais silvestres e de pessoas nas rodovias brasileiras.
(Fonte: Andreas Kiekebusch / Jornal do Brasil)

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Um Oceano de plástico

Durabilidade, estabilidade e resistência a desintegração. As propriedades que fazem do plástico um dos produtos com maiores aplicações e utilidades ao consumidor final, também o tornam um dos maiores vilões ambientais. São produzidos anualmente cerca de 100 milhões de toneladas de plástico e cerca de 10% deste total acabam nos oceanos, sendo que 80% desta fração vem de terra firme.


Foto do vórtex

No oceano pacífico há uma enorme camada flutuante de plástico, que já é considerada a maior concentração de lixo do mundo, com cerca de 1000 km de extensão, vai da costa da Califórnia, atravessa o Havaí e chega a meio caminho do Japão e atinge uma profundidade de mais ou menos 10 metros . Acredita-se que haja neste vórtex de lixo cerca de 100 milhões de toneladas de plásticos de todos os tipos. Pedaços de redes, garrafas, tampas, bolas , bonecas, patos de borracha, tênis, isqueiros, sacolas plásticas, caiaques, malas e todo exemplar possível de ser feito com plástico. Segundo seus descobridores, a mancha de lixo, ou sopa plástica tem quase duas vezes o tamanho dos Estados Unidos.



Ocean Plastic

O oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, que pesquisa esta mancha há 15 anos compara este vórtex a uma entidade viva, um grande animal se movimentando livremente pelo pacifico. E quando passa perto do continente, você tem praias cobertas de lixo plástico de ponta a ponta.


Tartaruga deformada por aro plástico

A bolha plástica atualmente está em duas grandes áreas ligadas por uma parte estreita. Referem-se a elas como bolha oriental e bolha ocidental. Um marinheiro que navegou pela área no final dos anos 90 disse que ficou atordoado com a visão do oceano de lixo plástico a sua frente. 'Como foi possível fazermos isso?' - 'Naveguei por mais de uma semana sobre todo esse lixo'. Pesquisadores alertam para o fato de que toda peça plástica que foi manufaturada desde que descobrimos este material, e que não foram recicladas, ainda estão em algum lugar. E ainda há o problema das partículas decompostas deste plástico. Segundo dados de Curtis Ebbesmeyer, em algumas áreas do oceano pacifico podem se encontrar uma concentração de polímeros de até seis vezes mais do que o fitoplâncton, base da cadeia alimentar marinha.


Todas a peças plásticas à direita foram tiradas do estômago desta ave

Segundo PNUMA, o programa das nações unidas para o meio ambiente, este plástico é responsável pela morte de mais de um milhão de aves marinha todos os anos. Sem contar toda a outra fauna que vive nesta área, como tartarugas marinhas, tubarões, e centenas de espécies de peixes.


Ave morta com o estômago cheio de pedaços de plástico

E para piorar essa sopa plástica pode funcionar como uma esponja, que concentraria todo tipo de poluentes persistentes, ou seja, qualquer animal que se alimentar nestas regiões estará ingerindo altos índices de venenos, que podem ser introduzidos, através da pesca, na cadeia alimentar humana, fechando-se o ciclo, na mais pura verdade de que o que fazemos à terra retorna à nós, seres humanos.

Fontes:
The Independent, Greenpeace e Mindfully Ver essas coisas sempre servem para que repensemos nossos valores e pricipalmente nosso papel frente ao meio ambiente, ou o ambiente em que vivemos.

Não só recicle, substitua produtos plásticos por outros que se decompõe.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Pará lidera Desmatamento Acelerado na Amazônia, segundo o IMAZON.

O desmatamento na Amazônia Legal atingiu 612 quilômetros quadrados este mês, de acordo com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Houve um aumento de 23% em relação a junho de 2007, quando o desmatamento atingiu 499 quilômetros quadrados na região.
No período de agosto de 2007 a junho de 2008, o acumulado do desmatamento totaliza 4.754 quilômetros quadrados, contra 4.370 quilômetros quadrados no período anterior. Isso representa um aumento de aproximadamente 9% na área desmatada no período atual em comparação com o anterior.

Os dados fazem parte do Boletim Transparência Florestal da Amazônia Legal, assinado pelos pesquisadores Carlos Souza Jr., Adalberto Veríssimo e Anderson Costa.

A maioria do desmatamento ocorreu no Estado do Pará (63%), seguido por Mato Grosso (12%), Rondônia (11%) e Amazonas (10%). Os demais estados contribuíram com cerca de 4% do desmatamento. No Acre, Roraima e Tocantins, o desmatamento somado foi apenas 4,2% do total.

A maioria do desmatamento (68%) em junho ocorreu em áreas privadas, sob diversos estágios de posse ou devolutas. O desmatamento nos Assentamento de Reforma Agrária alcançou 18% enquanto nas Unidades de Conservação 10% e nas Terras Indígenas 3%.

No período de agosto de 2007 a junho de 2008, o Mato Grosso manteve a liderança na área total desmatada na Amazônia, com 2.074 quilômetros quadrados (43% do total), seguido de perto pelo Pará, com 1.936 quilômetros quadrados (40% do total), e, mais distante, Rondônia com 452 quilômetros quadrados (9% do total). Esses três Estados contribuíram com 94% do total desmatado nesse período.

De acordo com o Imazon, na comparação dois últimos períodos (agosto de 2006 a junho de 2007 e agosto de 2007 a junho de 2008), o desmatamento cresceu em Tocantins (+383%), Acre (+77%¨), seguido do Pará (+46%), Roraima (+29%), Rondônia (+19%) e Amazonas (+5%).

Segundo os pesquisadores, houve queda em Mato Grosso, onde o desmatamento recuou 14% . Embora o aumento tenha sido expressivo no Tocantins, Acre e Roraima, em termos absolutos a contribuição desses Estados no total desmatado na Amazônia é muito pequena.


Geografia do desmatamento


Os municípios paraenses próximos das BR-163 (Novo Progresso e Itaituba) e da Transmazônica (Brasil Novo, Altamira, Pacajás, Novo Repartimento, Itupiranga e Marabá, bem como em São Félix do Xingu), concentram em junho o desmatamento.

Em Rondônia, o desmatamento foi mais intenso no município de Porto Velho e no Mato Grosso foi mais disperso. Do ponto de vista fundiário, a grande maioria (68%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou em diversos estágios de posse.

O desmatamento foi mais crítico nos municípios de Altamira (39,9 quilômetros quadrados), seguido do São Félix do Xingu (38,3 quilômetros quadrados) e Novo Progresso (38,1 quilômetros quadrados). Esses três municípios estão localizados no Estado do Pará e fazem parte da lista dos 36 municípios críticos, segundo decreto do Ministério do Meio Ambiente.

O restante (18%) do desmatamento aconteceu em áreas de Assentamento de Reforma Agrária e cerca de 10% foi registrado nas Unidades de Conservação. O desmatamento em Terras Indígenas detectado pelo
SAD foi inferior a 3%. As Terras Indígenas mais desmatadas foram a Trincheira/Bacajá (PA), com 5,46 quilômetros quadrados, e Jacareúba/katiwixi (AM), com 4,73 quilômetros quadrados.

Nos Assentamentos de Reforma Agrária, o desmatamento atingiu 112 quilômetros quadrados em junho de 2008. Os Projetos de Assentamentos que mais sofreram com o desmatamento foram Jacaré-açú no município de Novo Repartimento (Pará) e Jatapu em Caroebe (Roraima).

O desmatamento nas Unidades de Conservação alcançou 10% do total registrado na Amazônia pelo SAD. A situação foi mais crítica na APA Triunfo do Xingu (Pará) que perdeu 21 quilômetros quadrados de floresta e na Flona do Jamanxim, onde o desmatamento atingiu 11,8 quilômetros quadrados.Fonte:Altino Machado/Blog da Amazônia.


sábado, 26 de julho de 2008

Empresa britânica anuncia etanol 'feito de lixo'

Uma empresa britânica anunciou nesta segunda-feira (21) ter tecnologia para começar a produzir etanol a partir de lixo biodegradável em escala industrial dentro de dois anos.

A química Ineos Bio afirma que será possível usar lixo biodegradável municipal, lixo orgânico comercial e resíduos de agricultura, entre outros, para a produção do combustível.

Segundo a empresa, a tecnologia já foi testada em um projeto piloto nos Estados Unidos.

"Planejamos produzir quantidades comerciais de combustível de bioetanol de lixo para ser usado como combustível para carros dentro de dois anos", afirmou Peter Williams, diretor executivo da Ineos Bio.

A transformação se opera em três estágios. Primeiro, o lixo é superaquecido para a obtenção de gás.

Este gás é usado para alimentar bactérias anaeróbicas (biocatalizadoras) que produzem o etanol.

No estágio final, o etanol é purificado para ser usado como combustível puro ou misturado à gasolina.

Produção de alimentos - A empresa alega que esta tecnologia tem a vantagem de não afetar a produção de alimentos. Uma tonelada de lixo seco pode ser transformada em cerca de 400 litros de etanol, informou a empresa.

"O fato de termos conseguido separar a segunda geração de biocombustíveis dos alimentos é um grande passo. Esperamos que a tecnologia garanta combustíveis renováveis e sustentáveis a um custo competitivo", disse Williams.

A empresa, no entanto, precisará da cooperação dos governos locais para ter acesso ao lixo.

A Ineos ainda não anunciou a localização da primeira usina comercial de produção do etanol do lixo.

O processo foi desenvolvido em Fayetteville, no Estado americano do Arkansas. As pesquisas começaram em 1989 e a primeira usina foi montada depois de 20 anos de trabalho.

A fábrica está operando continuamente desde 2003, usando diferentes dejetos. (Fonte: Estadão Online)

Um centavo por quilômetro

A CPFL Energia e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) formalizaram, na tarde de sexta-feira (18), um protocolo de intenções para o desenvolvimento de inovações voltadas ao mercado de veículos elétricos.

A cerimônia, no estande da empresa na Expo T&C, no último dia da 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas (SP), deu início ao projeto Desenvolvimento de Tecnologia e Mercado de Veículos Elétricos.

O objetivo do projeto é estudar características técnicas para o aprimoramento tecnológico de um modelo de moto elétrica importado pela CPFL, de modo a contribuir para a economia de combustíveis fósseis e para a preservação do meio ambiente. O veículo é silencioso e não emite gases tóxicos causadores do efeito estufa.

“Nos últimos quatro anos, a empresa vem desenvolvendo 26 projetos de pesquisa e desenvolvimento em parceria com a Unicamp, dos quais 16 foram encerrados com resultados positivos, em um valor global de cerca de R$ 26 milhões. Esse projeto que acaba de ser lançado certamente será exitoso, pois trará mais qualidade de vida paras as pessoas e um futuro melhor para o planeta”, disse Paulo Cezar Coelho Tavares, vice-presidente de Gestão de Energia da CPFL.

Após assinar o protocolo de intenções, o reitor José Tadeu Jorge expressou seu apoio ao projeto. “Para a Unicamp é uma satisfação muito grande estreitar essa nova parceria, uma vez que mais um trabalho sendo iniciado significa que os encerrados deram certo, o que nos permite pleitear novos projetos”, afirmou.

“Essa parceria entre universidade e empresa mostra que a academia está cumprindo seu papel de produzir conhecimento novo e fazer com que essas inovações beneficiem o país, produzindo emprego, renda e gerando riqueza para o desenvolvimento”, disse.

De acordo com Luiz Antônio Rossi, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp, que será responsável pelas pesquisas, elas se concentrarão em áreas como a otimização da tração do veículo em diferentes condições de uso e tipos de terreno encontrados no Brasil, ampliação de autonomia e redução do tempo de recarga da bateria.

Atualmente, o veículo tem autonomia de 50 quilômetros e leva quatro horas para recarregar a bateria. O projeto pretende elevar a autonomia para 150 quilômetros e reduzir o tempo de recarga para duas horas. O custo por quilômetro percorrido gira em torno de R$ 0,01.

“Um dos principais gargalos é o sistema de bateria, que, por ser de chumbo ácido, é muito pesada, tem vida útil pequena e tempo de recarga grande. Elas deverão ser substituídas por baterias de íon lítio, que têm potência maior e são mais resistentes. Com isso, teremos tempo menor de substituição e conseguiremos vencer distâncias maiores”, disse Rossi à Agência Fapesp.

Outros gargalos serão resolver o condicionamento da potência da moto, que envolve o sistema formado por bateria, parte mecânica e tração. “Além de estudarmos motores de ar comprimido, o projeto inclui ainda a criação de uma logística de mercado para a recarga de baterias em lojas especializadas, em troca de uma espécie de cartão de abastecimento”, explicou.

“O desafio do Nipe é grande por envolver o desenvolvimento responsável do ponto de vista tecnológico, ambiental e social”, concluiu Rossi. Segundo ele, essas pesquisas deverão ser realizadas em um prazo de seis meses, quando a CPFL Energia, seguindo um plano de negócio predefinido, deverá importar cerca de 50 novas unidades da moto elétrica para adaptação tecnológica e comercialização. (Fonte: Thiago Romero/ Agência Fapesp)

MPF acusa ex-presidente do Ibama de improbidade

O Ministério Público Federal (MPF) entrou, no último dia 17, com uma ação civil pública contra o ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Marcus Barros. Ele é acusado de improbidade administrativa. Barros supostamente contrariou o decreto presidencial sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e o Supremo Tribunal Federal (STF) ao emitir, em março de 2007, licença ambiental autorizando as obras de transposição do Rio São Francisco.

Segundo o MPF, o procurador Francisco Guilherme Bastos afirmou que Barros sabia da irregularidade de emitir a licença sem a análise dos projetos executivos e sem a execução de novas audiências públicas com as populações afetadas pela transposição. Na ocasião, o MPF teria sido informado que os projetos executivos já haviam sido analisados. Mas, três meses depois, o Ministério da Integração Nacional teria comunicado a existência apenas do projeto básico. A licitação para a elaboração do projeto executivo ainda estava em andamento.

O procurador Bastos pede que Barros seja condenado a pagamento de multa, perda de função pública, suspensão dos direitos políticos por até cinco anos e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios fiscais ou creditícios também por cinco anos. O caso será julgado pela 20ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. (Fonte: Elvis Pereira/ Estadão Online)

MPF acusa ex-presidente do Ibama de improbidade

O Ministério Público Federal (MPF) entrou, no último dia 17, com uma ação civil pública contra o ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Marcus Barros. Ele é acusado de improbidade administrativa. Barros supostamente contrariou o decreto presidencial sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e o Supremo Tribunal Federal (STF) ao emitir, em março de 2007, licença ambiental autorizando as obras de transposição do Rio São Francisco.

Segundo o MPF, o procurador Francisco Guilherme Bastos afirmou que Barros sabia da irregularidade de emitir a licença sem a análise dos projetos executivos e sem a execução de novas audiências públicas com as populações afetadas pela transposição. Na ocasião, o MPF teria sido informado que os projetos executivos já haviam sido analisados. Mas, três meses depois, o Ministério da Integração Nacional teria comunicado a existência apenas do projeto básico. A licitação para a elaboração do projeto executivo ainda estava em andamento.

O procurador Bastos pede que Barros seja condenado a pagamento de multa, perda de função pública, suspensão dos direitos políticos por até cinco anos e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios fiscais ou creditícios também por cinco anos. O caso será julgado pela 20ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. (Fonte: Elvis Pereira/ Estadão Online)